O jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, morreu na queda de um helicóptero no início da tarde desta segunda-feira (11) em um dos acessos da Rodovia Anhanguera, que liga a capital paulista ao interior. Segundo o Corpo de Bombeiros, o piloto da aeronave (Ronaldo Quattrucci) também morreu carbonizado. O motorista de um caminhão atingido no acidente foi resgatado pelo serviço da concessionária que administra a via.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lamentou a morte do jornalista e do piloto Ronaldo Quattrucci por meio de postagem no Facebook. “Em quase 50 anos de trajetória profissional, Boechat atuou em vários dos mais importantes veículos de comunicação do país. Os Sindicatos e a Federação se solidarizam com os familiares, colegas e amigos de Ricardo Boechat e de Quattrucci”.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), por meio de nota assinada pelo presidente da entidade, jornalista Domingos Meirelles, mostrou pesar pela morte do jornalista.

“Associação Brasileira de Imprensa expressa profunda consternação com a morte do jornalista Ricardo Boechat, apresentador da BAND NEWS, solidariza-se com sua família e todos aqueles que tiveram um dia o privilégio de usufruir da sua convivência e do seu extraordinário talento. Ricardo Boechat foi um jornalista brilhante, apaixonado pelo seu ofício, que jamais deixou de participar das discussões do seu tempo. Um dos seus traços marcantes era o rigor que cultivava em relação a apuração do noticiário que devia reproduzir os fatos com extrema precisão. Com a morte trágica de Boechat morre também parte de uma geração da qual foi um dos profissionais mais exuberantes. Uma geração de jornalistas que perseguia a notícia com determinação jesuítica e que considerava a verdade um Ato de Fé. O seu refinamento intelectual, o zelo com o cuidado das fontes e a firmeza das posições que assumia acabaram transformando o “Jornal da Band” em um dos veículos mais respeitados do país. O seu exemplo como profissional, suas reflexões, as broncas ao vivo, e aquele sorriso inconfundível continuarão muito vivos entre nós. A ABI decreta luto de três dias pela morte desse extraordinário companheiro que exerceu sempre o jornalismo com entusiasmo, alegria, competência e muita paixão”.

Outra entidade ligada à comunicação, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), também publicou nota lamentando o ocorrido

“A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) lamenta, com profundo pesar, a morte do jornalista Ricardo Boechat, ocorrida nesta segunda-feira (11), em São Paulo (SP). Dono de um estilo inconfundível, Boechat honrou a profissão de jornalista, exercida com ética e compromisso com a verdade dos fatos. Sempre preocupado em levar informação e opinião à sociedade, missão que cumpriu com maestria, Boechat deixa uma lacuna no jornalismo brasileiro. Sua habilidade em se comunicar com o público é um legado que fica para a história da comunicação do país. Neste momento de luto para a radiodifusão brasileira, a ABERT presta solidariedade aos familiares, companheiros da BAND, amigos e colegas de trabalho”, diz a nota, assinada por Paulo Tonet Camargo, presidente da Abert.

Presidente Bolsonaro

Assim que soube da morte do jornalista, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), por meio de seu perfil na rede social Twitter, escreveu: “É com pesar que recebo a triste notícia do falecimento do jornalista Ricardo Boechat, que estava no helicóptero que caiu hoje em SP. Minha solidariedade à família do profissional e colega que sempre tive muito respeito, bem como do piloto. Que Deus console a todos!”. Mais tarde, o Palácio do Planalto divulgou uma nota oficial. “A Presidência da República expressa seu pesar e condolências em razão do falecimento do jornalista Ricardo Boechat, vitimado em um acidente aéreo neste dia. O país perde um dos principais profissionais da imprensa brasileira. Sentiremos a falta de seu destacado trabalho na informação da população, tendo exercido sua atividade por mais de quatro décadas com dedicação e zelo”. A nota está assinada pelo presidente Jair Bolsonaro.

A pedido do presidente Jair Bolsonaro, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, irá representá-lo, nesta terça-feira (12) no velório e sepultamento do jornalista Ricardo Boechat. Segundo o presidente, ele e o jornalista eram amigos “há mais de 30 anos”.

Os presidentes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, respectivamente David Alcolumbre e Dias Toffoli, assim como o presidente da Câmara dos Deputados e governadores de vários estados brasileiros também fizeram manifestações públicas de lamento sobre a morte do jornalista.

Colegas jornalistas e radialistas de todos os grandes veículos de comunicação brasileiros, consternados manifestaram pesar pelo desaparecimento do colega.

Sobre Boechat

Boechat nasceu em Buenos Aires, na Argentina, quando o pai Dalton Boechat, diplomata, estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores. Dono de um humor ácido, usava essa característica para noticiar fatos e criticar situações. O tom era frequente nos comentários de rádio, televisão e também na imprensa escrita.

Nos anos 1970, Boechat começou no jornalismo no Diário de Notícias como assistente do colunista Ibrahim Sued. Do Diário de Notícias, seguiu com Sued para O Globo em que trabalhou por 14 anos. Também foi chefe de reportagem da Rádio Nacional, em 1973.  Seguiu para o Jornal do Brasil, no início dos anos 1980. Logo depois retornou ao O Globo para assumir a Coluna do Swann. Ganhou sua própria coluna: Boechat. Nesta época, o jornal estabelecia a linha editorial de ter dois colunistas sociais de prestígio: Ricardo Boechat e Zózimo Barroso do Amaral. Em 1997, passou a ser comentarista no telejornal Bom Dia Brasil, na Rede Globo. Nesta época, sua coluna era a mais lida no jornal carioca e uma referência nos jornais impressos, pautando dezenas de redações pelo país.  Em 2006, foi para o grupo Bandeirantes. Pela manhã, apresentava um programa com seu nome dividido em duas partes: uma nacional e outra dedicada ao Rio de Janeiro. À noite, era o âncora do Jornal da Band e tinha uma coluna semanal na revista ISTOÉ. Também escreveu para os jornais O Dia e O Estado de SPaulo. Ele ganhou ganhou três prêmios Esso: em 1989, 1992 e 2001. Venceu oito vezes o Prêmio Comunique-se.

Boechat deixa mulher, cinco filhas e um filho.

Com informações da Agência Brasil.

Fotos: BAND