O Centro de Inovação SESIEconomia para Saúde e Segurança (CIS), do SESI Ceará, apresentou na última quinta-feira (07) o resultado da Consultoria de Gestão de Custos em Saúde realizada na Transnordestina, composta pelas empresas Transnordestina Logística S.A. e Ferrovia Transnordestina Logística. “A empresa estava tendo uma taxa de sinistralidade muito elevada, ou seja, os colaboradores estavam usando muito o plano de saúde, e eles queriam entender porquê”, esclarece Livia Castro, analista do CIS.

A consultoria teve duração de oito meses e contou com três entregas principais: levantamento de fatores de riscos; perfil de saúde populacional; e análise de sinistralidade.

A primeira se baseou no levantamento da incidência de 10 fatores de riscos principais entre os funcionários, como, por exemplo, tabagismo e hipertensão. A partir daí, foram realizadas entrevistas com 675 pessoas, uma amostra representativa de colaboradores, com o objetivo de compreender os hábitos que levam a essa incidência e, assim, traçar o perfil de saúde populacional. Por fim, esses dados foram cruzados com as informações de sinistralidade do plano de saúde, ou seja, de que forma os colabores estão fazendo uso deste benefício. Para tanto, o Centro de Inovação SESI utilizou a Ferramenta SESI de Cálculo do Retorno sobre o Investimento, desenvolvida pelo SESI Ceará em parceria com a Universidade de Johns Hopkins.

A partir do panorama apresentado, a equipe do CIS apresentou à Transnordestina um estudo perspectivo, com simulações de cenários possíveis de investimento. “Identificamos que 67% dos trabalhadores da Transnordestina são sedentários. Com base nisso, simulamos o que eles podem alcançar de resultados se algumas ações forem implementadas. Essas informações são valiosas para que a empresa faça investimentos em ações mais assertivas”, explicou Livia.

Entenda melhor

Hoje, a maioria das organizações concentra seus cuidados com a saúde dos colaboradores no fornecimento de um plano de saúde como benefício. O investimento é tanto que cerca de 60% dos custos com a saúde suplementar nacional é pago pela iniciativa privada.

O problema é que os valores pesam no bolso dos empresários. Segundo uma pesquisa da Consultoria em Saúde e Benefícios Aon, para 25% das corporações estudadas, os custos de assistência médica podem chegar de 10,1% a 20% do total gasto com os colaboradores, fora o salário.

O custo fica ainda maior porque, anualmente, os planos de saúde passam por aumentos significativos em suas mensalidades. Para chegar ao valor do reajuste, as operadoras levam em consideração fatores como a sinistralidade: quanto mais os usuários acessam o plano, maior é o reajuste no ano seguinte.

Assim, atuar na prevenção dos fatores de risco de saúde que podem ser modificados com um melhor comportamento – como obesidade, tabagismo, depressão, hipertensão e alcoolismo – parece a solução indicada para dirimir o volume das contas. Para tanto, é necessário que empresários enxerguem saúde como investimento e não custo, criando ações direcionadas e assertivas para o seu público de colaboradores. Mas como calcular o retorno dessas ações?

Atualmente, algumas indústrias já investem em programas de qualidade de vida, mas não conseguem dimensionar o impacto real desses investimentos. Por exemplo, quanto uma indústria ganha ao implementar um programa de redução do sedentarismo entre seus colaboradores? Hoje, não é possível ter números concretos desse impacto.

É aí que entra a Ferramenta SESI de Cálculo do Retorno sobre o Investimento, desenvolvida pelo Centro de Inovação em Economia para a Saúde e Segurança do SESI Ceará em parceria com a Universidade de Johns Hopkins. Trata-se de uma tecnologia capaz de mensurar o retorno sobre o investimento em produtividade e economia em assistência médica. Assim, a empresa do exemplo citado conseguiria dimensionar quanto dinheiro ela economizou com a sua ação de redução do sedentarismo. No momento em que ela retira aqueles trabalhadores sedentários do grupo de risco, ou seja, sujeitos a faltas e ao uso frequente do plano de saúde, ela ganha em diminuição de custos e produtividade.

A análise da sinistralidade do plano de saúde é feita com a ferramenta, que consegue ter um mapeamento da saúde dos colaboradores das empresas. A partir desses cálculos, é possível direcionar os investimentos em saúde das empresas, estratificando-os por riscos e custos. Por exemplo, se uma empresa identifica uma grande quantidade de colaboradores indo a ortopedistas e fisioterapeutas por conta de problemas na coluna, ela poderá criar um programa de saúde direcionado para essa questão, o que deve diminuir a sinistralidade do plano e diminuir os índices de absenteísmo. A ferramenta será capaz de apontar, ainda, o retorno desse investimento em valores, para que os empresários consigam visualizar o resultado das ações.

Fonte e Foto: Fiec.