No Brasil hoje, estão oficializados 35 partidos políticos. Em todos eles, há divergências internas, principalmente em razão das insatisfações de filiados com as decisões do comando partidário. O deputado estadual Heitór Férrer, do Solidariedade do Ceará, é um dos políticos que sente na pele essa realidade.  Hoje, o deputado escreve artigo o qual trata sobre o tema.

Leia o artigo “Convivência partidária e a crise de representatividade política no País”.

Os partidos políticos são instrumentos fundamentais para a legitimação e concretização da democracia representativa. Ou seja, o País depende da política, que depende dos partidos, tanto que a filiação a uma sigla partidária configura-se em requisito obrigatório para aqueles que almejam candidatar-se a um cargo eletivo. São importantes canais de intermediação entre os interesses da sociedade e a ação do Estado, responsáveis pela promoção do debate público bem como pela formação de lideranças políticas, sem os quais a democracia não seria possível.

Assim, levados por afinidades ideológicas e convicções políticas, nós que pleiteamos a função de representantes do povo buscamos uma sigla que possa nos abrigar e servir-nos de instrumento para a participação na vida pública. No entanto, a realidade da vida partidária pode passar longe da harmonia entre opiniões e posicionamentos. Na prática, muitas legendas acabam sendo pouco democráticas e comandadas por uma pequena parcela dos filiados. Essas “amarras” partidárias acabam por criar um constrangimento e dificuldades de convivência que, muitas vezes, nos levam a atuar de forma isolada dentro do próprio partido. O estatuto partidário, sempre feito para ser somente uma peça formal, na quase unanimidade, a prática nada tem a ver com o que traz suas cláusulas…

Tudo isso dificulta não somente a atuação do político independente como também compromete a representatividade de forma plural e diversificada da coletividade. Com as decisões partidárias muitas vezes restringindo-se à cúpula diretória que, não raro, fazem das siglas máquinas eleitorais voltadas para o agenciamento de interesses particulares, as instituições político-partidárias perdem sua credibilidade perante a população.

Daí o cenário de crise da legitimidade dos partidos políticos no Brasil, que conduz cada vez mais ao fortalecimento da defesa de candidaturas avulsas e da figura individual do político no exercício da representação em detrimento das siglas partidárias.

Heitor Correia Férrer
Deputado Estadual – SD

Foto: Edson Pio Júnior – Agência de Notícias da Assembleia Legislativa.